sobre..

Rene Barbosa por.. mim mesmo. Brasileiro, carioca, rubro-Negro. Em algumas oportunidades da vida aprendi importantes lições, ora às duras penas, ora na maciota, acumulei valores e decepções, perdi alguns rounds, em outros, esmurrei minhas adversidades com criatividade, e uma dose de talento bruto. Autruísta por natureza, egoísta por necessidade. Jamais falando de sí próprio na terceira pessoa. Sempre deixei que as pessoas me julgassem, algumas vezes me importei realmente com que pensavam, em tantas outras toquei o foda-se. Leia mais

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Drive me crazy



Song 4 the moment - Caught Up In The Rapture, Anita Baker

"Tava esperando, um telefonema teu
Tava esperando uma voz no ouvido
Tava imaginando, teu olhar mirando o meu
Tava imaginando, um beijo em teu umbigo.."

Eu te pergunto: que diabos você entende por enlouquecer?
Já enlouqueceu por alguém? Já enlouqueceu alguém?

Cara.. O outono já estava se despedindo do calendário carioca, e eu resolvi chutar o balde, fui de ônibus pra retardar a viagem, peguei um que cruzasse os locais da cidade que eu mais gostava de observar à noite, (onde todos os gatos são pardos), escolhi ir pelo Aterro, Botafogo, Copa, desci em Ipanema e voltei andando em direção a Francisco Bhering.
Era um pouco das dez e meia da noite, passei naquele quiosque safado, comprei uma cerveja fui andando em direção as pedras mudas do Arpoador.

Um casalzinho curtindo um love, três surfistas na água, um senhor com um radinho de pilhas fumando o seu habitual antes de voltar pro sossego do lar.
Sentei ali, admirando lá ao fundo o Vidigal num agrupado de luzes, o mar iluminado por refletores, não devia fazer mais que uns 17º, tava realmente frio pro padrão carioca, e isso me voltou os pensamentos imediatamente pra uma certa mulher, por mais que eu ignorasse.

Dessa vez eu não queria saber de música, de escrever, não queria porra nenhuma, tudo que eu almejava era tirar da cabeça aqueles beijos, ou se ela já tinha alguém e torcer olhando pelo canto do olho pro telefone que ela nunca mais me telefonasse.
Dei uma olhada pro senhorzinho que parecia tão reflexivo quanto eu, e puxei assunto:

- Errr.. O senhor já esteve louco por uma mulher?
(ele devia pensar que eu sou maluco, mas foda-se, quem não é?)

- Meu rapaz, quantos anos você tem?
- Vinte e dois
- Meu jovem, muito antes que eu pudesse descobrir que enlouqueci por uma mulher, eu já havia enlouquecido dezenas delas.
- Aham, sei.. Como senhor sabe?
- Você nunca sentiu o que é enlouquecer alguém?
- Não sei, mas sabe.. tem uma garota, e.. Não paro de pensar nela, queria sair e quero estar na vida dela, o tempo todo.. Sei lá.
- Já tentou descobrir o que ela pensa?
- Não, nem sei se quero, gosto dela de verdade..

Ambos olhamos pra frente e ele não respondeu mais, fiquei ali tentando montar um quebra-cabeças entre os beijos, as brigas, desentendimentos, ironias, raiva contida, incontida, nossas transas escondidas, nossos momentos de amor, de ódio, as risadas.
Conflitante pra cacete, fechei os olhos e respirei fundo sentindo vento gelado da noite alisar meu rosto, como ela gostava de fazer com seus cabelos me fazendo cócegas, me irritando toda vez que tentava me atrapalhar a ver os jogos do Flamengo.
Amo, odeio, adoro, detesto.. tudo girava.

Porra! Será que eu tô ficando maluco.. Não é possível.
Olhei para o relógio e eram quase meia noite quando o tiozinho do lado levantou-se e começou a descer, parou, virou-se apontando pra água:

- Sabe aquele rapaz? O da prancha amarela..
- Sim, sei.. maluquinho né? Tá "mó friaca".
- Ele é meu filho, tem quase sua idade.
- Ahhh.. (sem graaaaaaaça pra cacete eu fiquei)
- Demorei quase 40 anos pra descobrir que era louco pela mãe dele.
- Mas, o senhor está com ela hoje?
- Não.. Deus é justo, me fez perceber que nesse balança de loucuras ela já tinha muito mais peso que eu, e merecia uma coisa melhor. Uma pena eu ter descoberto tão tarde.
- Pô.. sinto muito.
- Não sinta, Deus é justo meu jovem. Olha o presente que ele me deixou, não posso reclamar..


Ele se foi e fiquei ali, olhando pra água, e parece que as coisas pareciam fazer mais sentido naquele momento.
Gostaria de saber se você enlouquece, ou é enlouquecido? Dessas, só uma certeza:

Tem que ir até o final se quiser descobrir. Santa experiência..


2 comentários:

Ékinha disse...

Cada vez me apaixono mais pelas suas histórias! Mexem tanto cmg... Quando estou lendo eh como se eu estivesse vivendo td aquilo, ou revivendo ne...vai saber!

**Palavras e Cia** disse...

Falando por mim... sempre fui louca por alguem, fugi por mto tempo..e acredito q soube todo esse tempo q esse alguem era louco por mim... quando é assim, não adianta meu querido...será assim pra sempre! Até o senhora da praia sabia...rs

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