sobre..

Rene Barbosa por.. mim mesmo. Brasileiro, carioca, rubro-Negro. Em algumas oportunidades da vida aprendi importantes lições, ora às duras penas, ora na maciota, acumulei valores e decepções, perdi alguns rounds, em outros, esmurrei minhas adversidades com criatividade, e uma dose de talento bruto. Autruísta por natureza, egoísta por necessidade. Jamais falando de sí próprio na terceira pessoa. Sempre deixei que as pessoas me julgassem, algumas vezes me importei realmente com que pensavam, em tantas outras toquei o foda-se. Leia mais

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Ela adora me fazer de otário



Song4 the moment: After Dark, Tito & Tarantulas

Depois que ela sumiu, John se entregou à vida que não merecia. Bebia de ficar mal todas as noites, de bar em bar, torrava pilhas e pilhas de dinheiro nas rodas de apostas, talvez nem lhe fizesse tanta falta, não tanto quanto aqueles cabelos negros, aquela pequena. Dotada de uma inteligência raríssima, ela conseguia apoderar-se de qualquer homem que quisesse, Deus (ou o diabo) quando terminou sua obra prima a deu uma especialidade, seduzir.

Lucy von Pertz desde criança era de alguma forma atraente, e sabia disso desde que pôs os pés no chão e começou a andar, na escola os meninos sempre foram feitos de gato e sapato, ela era alvo de disputas, brigas, e onde quer que houvesse uma confusão, lá estava seu nome, sutil, e imaculada ela dizia nunca ter tido culpa. Quando a conheci estávamos na sétima série, e de longe enquanto as meninas sonhavam com o astro pop dos comerciais de Shampoo, Lucy brincava com os meninos os fazendo sentir homens, e com os homens os fazendo sentir meninos.
Nunca soube o significado de regras, exceto as dela, a dona do jogo.
Alunos, inspetores, diretores, professores, e seu universo não parava de expandir, pais de alunos, o tio da banca de doces, eu me perguntava como era possível um sorriso destruir tudo, tão fácil.

John e eu éramos bons amigos, mas era foda como tudo girava ao seu redor, ele atraía tudo feito a gravidade, talvez pelo poder que o dinheiro lhe dera, porém o que ele mais quis até hoje dinheiro nenhum do mundo pôde comprar, em situação alguma.
Lucy era movida a passatempos e desafios, mas acho que sobretudo era movida a John e eu na respectiva ordem. Como ela o fazia de otário, brincava com os sentimentos de um homem, sempre achei que ela estava envolvendo a corda no próprio pescoço fazendo isso, mas toda vez que ela me olhava nos olhos e sorria marota eu perdia toda minha linha de raciocínio, talvez sem saber, eu era seu maior desafio, e nunca conseguiu levar como troféu pra sua estante. Ainda hoje não sei como.

Era excitante seu andar, a forma gostosa como ela parecia beijar e morder, suas mãos guiando as dos rapazes onde ela mandasse, na hora que mandasse ensinando sobre suas curvas, ela exalava sensualidade dentro daquela porcaria de uniforme, cujo era tão sexy quanto uma tigela com leite e sucrilhos.

Durante os anos seguintes, vi todos os rapazes do colegial, um a um rodarem em sua mão, fácil, contudo sempre carregando John à tiracolo, feito um amuleto, feito um cãozinho adestrado. Terminado o curso e depois das férias, ninguém nunca mais viu, ou sequer ouviu falar em Lucy von Pertz, clima de festa entre as meninas rivais, luto entre os rapazes, especialmente um, que chorava feito criança.

Custaram alguns anos até que John pudesse se recuperar totalmente, de maneira não muito correta, mas eficaz, desse furacão que varrera sua vida.
O dinheiro abria as portas, o dinheiro comprava as mulheres, as bebidas, mas naquela noite o dinheiro talvez não pudesse pagar algo que John dispusesse a própria liberdade para ter.
Encostados no balcão daquela boate pedi minha habitual cerveja, e fui acompanhado por um Whisky duplo de John.
Lá pelas tantas da noite já sob efeito do mal, tive um mal súbito, senti como se largassem um tijolo sobre meu estômago ao ver as tequileiras incendiando o balcão oposto de ponta a ponta e entre as chamas ela vinha, deslizando feito uma serpente preparando o bote, imagem disforme, contudo imponente, o mesmo sorriso safado, os mesmos cabelos, a mesma pequena de olhos esmeraldinos mirando os alvos de sempre.
Estávamos fudidos outra vez (rs..)

É John.. o criador tocou suas criaturas e os deu seu dom, no caso dela não restava dúvidas de que ela servira para uma só coisa. Fazer todos os homens de palhaços.

E bem lá no fundo éramos gratos por isso.

É pedir muito?




Song4 the moment: Open Your Eyes, Dwele

"Eu so queria..
Quero cineminha com encosto de ombro cheiroso, casar de branco, ser carregada no colo, filhos, casinha no campo com cerquinha branca,
cachorro e caseiro bacana. Quero ouvir Dwele numa noite chuvosa e ter de um lado um livrinho na cabeceira da cama e do outro o homem que amo.
Quero ser criança, mulher, homem, et, megera, maluca e, ainda assim, olhada com total reconhecimento de território.
Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura. Quero amar e ser amada, Quero foto brega
na sala, com duas crianças enfeitando nossa moldura. Quero o sobrenome dele, o suor dele, a alma dele,
o dinheiro dele (brincadeira...), a vida dele junto da minha. Que ele me ame como a minha mãe, que seja mais forte que o meu pai,
que seja a família que escolhi pra sempre. Quero que ele passe a mão na minha cabeça quando eu for
sincera em minhas desculpas e que ele me ignore quando eu tentar enrolá-lo em minhas maldades.
Quero que ele me torne uma pessoa melhor, que faça sexo como ninguém, que invente novas posições,
que me faça comer peixe apimentado sem medo, respeite meus enjôos de sensibilidade, minhas esquisitices
depressivas e morra de rir com meu senso de humor arrogante, que me faça carinho quando achar que eu estou mal,
que me dê abraços de urso espontaneamente. Que seja lindo de uma beleza que me encha de
tesão, amor e vontade de nunca largar, e que tenha um beijo maravilhoso que não desgaste com a rotina.
É PEDIR MUITO?

Não quero uma só uma escapadinha, não quero uma vida ao seu lado. Não quero nunca mais te ver. Queria ter dez minutos com você,
o bastante para não mudar minha vida em nada.
Não estou nem aí pra você. Só penso em você. Você é meu amigo, você é um conhecido, você foi a melhor noite da minha vida.
Mais do que qualquer certeza, confusão é paixão.
Quis demais que você fosse embora, quis demais que você ficasse pra sempre,
quis não pensar, me agarrei numa lógica fria que berrou no meu ouvido que toda ação tem sua reação."

by: Babi

Decifra-me ou te devoro



Song 4 the moment: 4 wings (Radio Edit), Penelope

Juila ou Ana, Ana ou Julia? Tudo era assim com ela, tudo meio enigmático, meio indecifrável. Nunca tive liberdade para os apelidos, mas era tão bonitinho ouvir as amigas a chamarem "Julinha".
Na faculdade parecia mais uma das estudantes apressadas e desajeitadas, mas não pra mim, alguma coisa se movia diferente naquele andar.

Comecei a me enturmar com a galera dos outros períodos, e era bacana a aliança, muitas reclamações em comum dos professores, muita fofocas entre as meninas, um futebolzinho aqui, outro ali entre a rapaziada, mas o que unia todo mundo mesmo era a matança de aula no último tempo da sexta, incrível, mas todo mundo tinha uma sede incrível quando chegava o final da semana.

Naquele dia eu cheguei um pouco mais tarde que os demais, e as risadas frouxas já estavam um pouco mais acentuadas pelo combustível amarelo-ouro das dúzias de garrafas. Fiz o favor de roubar uma cadeira da mesa ao lado e sentei de frente para o corredor que pra minha surpresa revelava-me de baixo pra cima um par de pernas perfeitas modeladas num vestidinho preto com florezinhas desenhadas que subia pelas coxas a cada passo. Eu tinha a certeza de que não tinha bebido nada (ainda), mas será que ninguém teria notado naquela cena?
Julia voltou me olhando diretamente nos olhos, e com um sorriso que mais uma vez eu não entendia, por hora, eu, Édipo diante da Esfinge, "Decifra-me ou te devoro".
Ah, sinceramente, foda-se eu queria mais era que ela me devorasse sem precisar entender uma vírgula. Teria sido uma espécie de código aquela ajeitadinha nos óculos e a levantadinha de sobracelhas? Só Deus sabe.

Conforme adentrava a noite, diminuia acentuadamente os amigos à mesa.. Até sobrarmos cinco, e eu não tencionava sair dali tão cedo, não enquanto eu não conseguisse entender porque eu queria tanto aquela mulher, e não entro num jogo pra perder.

Ela se levantou estendendo a mão esquerda pra mim.. "Vem, vamos!". Tinha alguma coisa para pensar?
Antes de ser arrastado por ela, joguei uma nota de cinquenta achando que era uma de vinte na mesa - Cadu, paga a minha cota daqui.
Fui arrastado umas duas quadras até a beira da praia, onde sem palavras ela se aproximou tanto encostando bem de leve sua barriga na minha, e eu sentia seu cheiro, tal como a dona, indecifrável. Nossa diferença de altura era um pouco evidente, mas não incoveniente, enquanto nossas bocas se tocavam começava a chover fininho, parecia que uma cúpula de fogo nos envolvia Ana Julia e eu, nada nos alcançava, nada nos tocava eu a abracei um pouco abaixo da bunda e a levantei como se fosse uma criança, ela subia, leve, graciosa, e lá do alto sorria pra mim voltando sua boca para onde não devia ter saído, eu poderia ficar ali horas enaquanto decifrava o segredo da minha esfinge, bela, fina, elegante e precisa. A desci lentamente e um pouco menos amigável, eu puxei sua coxa deliberadamente, fui entendido e laçado com a outra perna, formando o conjunto perfeito, o encaixe perfeito, feito lego, nos deixando levar pelo balanço, as ondas do mar quebrando ao fundo parecia um solo de sax, e como ela mesma disse "É só deixar sentir".

No instante em que seus pés tocaram no chão, o mundo nos chamou de volta e num tapinha bem imbecil na minha cabeça Cadu brincava.
- Acorda muleque! tá dormindo?

Onde ela estava, onde eu estava?
Absorto na cena eu sorri com uma cara de idiota e levantei.

- Rene..
- Hum?
- Vem vamos! O pessoal quer comer alguma coisa.

Improvise



Song 4 the moment: Back to Nice, Count Basic

- Alô, Pedro?
- Ele.. quem fala? (fingi que não sabia)
- Oooi, é Dani, Daniela.. do cursinho. Lembra?
- Ahh.. oi. (Dã! que surpresa)
- E aí sumido, como cê tá?
- Ótimo meu bem. O que te faz me ligar? Achei que nem tinha mais meu número.
- Ah! deixa de ser bobo, você tá sempre aqui
- Sei.. depois do último furo? Sei não.
- Ai.. vamos pular essa página.. Posso me redimir?
- hmmm, pode tentar.
- Então, vai ter uma paradinha na casa da Gabi esse fim de semana, vamos?
- É, já tá dando bola fora, tá vendo? Nosso último encontro era só vc e eu.
- Bobo.. Ah vai. Rola uma socialzinha, vai ser legal, sexta agora. às 10, diz que vai.
- Ok, vou lá ver qual vai ser.
- Beijo lindo, te espero.
- Até, princesa, beijão.

Sei.. Sei bem como é, Daniela não me ligava tinha uns 6 meses, e depois da última que ela aprontou comigo eu fiquei master ressabiado. Porra! A mina marca comigo, joga lenha na fogueira a semana inteira, e me deixa esperando três horas pra no final eu receber um mísero SMS dizendo: "Poxa, querido.. desculpa, não deu." Num ferra né?! Tá bom Daniela. Vai esperando eu aparecer, vai esperando..

Pô, mas era foda pensar nela e a boca não encher d'água, bastava ela entrar na sala de aula de vestidinho florido que o meu cérebro travava na hora, ela sentava sempre por perto, e era muito difícil se concentrar na matéria e parecia ser só comigo que o problema persistia. A Gabi era a fiel escudeira dela nas fofoquinhas, e nas algazarras, mas a Dani, parecia não ter nada de especial, não chamava a atenção, tatuada, cabelos castanhos bem curtos, um corpo cheio de imperfeições, na boca, uma argolinha que quem pudesse beijar não teria a menor votade de sair, quando ela resolvia encarar.. O cara tinha que ter muito peito pra não desviar o olhar, talvez eu fosse um "dos caras", nunca amarelei pra ela, que gostava de desafiar. Sempre falando gracinhas, sempre deixando a alcinha do vestido cair, sempre se insinuando. Mas eu não sou bobo, quero dizer, não era até conhecê-la.

Passado o furo da Dani daquela noite, passada também minha raiva, achei que ir nessa paradinha na casa da Gabi seria uma boa forma de poder dar o troco, mas como fazê-lo? Ela tinha que ter algum ponto fraco, não era possível. A quem desafiasse a olhar ela parecia uma fortaleza, firme nas palavras, no andar, no gestual, ajeitando o cabelo, sorrindo. Cacete! Parecia invencível. - Pensa Pedro, pensa.. improvisa.

Naquela noite eu achei que chegar atrasado seria um bom começo, demorei com tudo que poderia, fazer a barba, escolher a camisa polo branca, troquei de calça umas três vezes, tênis ou sapato? Pra no final tudo que eu consegui com a palhaçada foi meia horinha a mais, eu conhecia o prédio onde morava a Gabi era fácil chegar. Ao tocar o interfone eu ouvi a mesma vozinha aveludada:

- Pedro? Heheh te vi pela câmera, tá gato! Vem sobe!
- Posso ganhar uma de você pelo menos?
- Anda bobo, vem.

Conforme o elevador se aproximava da cobertura eu ficava cada vez mais tenso, ancioso, travado, meu improviso à essa altura teria ficado no carro, escondido embaixo do banco. Fazer o que? Agora vai e encara a fera!
A porta tava entreaberta, e lá estavam na sala de estar, dois amigos da Gabi que eu conhecia de vista, mais três meninas do cursinho, cujo eu não tinha a menor intimidade, a dona da casa, o namorado, e meu karma, num vestido preto com detalhes vermelhos e a maldita alça caída sobre o ombro, sorriu pra mim e com uma das mãos fez o gesto de "senta aqui". A noite corria feito água deibaixo da ponte uma, duas horas da manhã, conversas, partidas de sueca, muitas risadas, umas garrafas de vodka, Anderson tinha uma habilidade fora do comum para preparar drinks, e a mulherada caiu dentro.
Já passava das três e meia quando o contingente começou a ir embora, casais formados e todos bem alterados pela magia do álcool, na cozinha o casal Anderson e Gabi protagonizavam um cena digna daquelas do Cine Privé que eu via nos meus sábados quando moleque, aos trancos, barrancos e risadas, derrubando copos, facas e o abajour eles sumiram no corredor que dava pros quartos, porém, mais desajeitado que tudo isso, somente eu, tentando disfarçar que não reparava no vestido (que já era curto) da Dani estava acima e muito acima da metade da coxa, mostrando as pernas e quase me matando.

Com o copo na mão, ela mordeu os lábios e foi se aproximando, leve, sorrateira feito uma cobra. - Improvisa Pedro, Improvisa rápido(pensei) - Não poderia ser melhor, quando eu pensei em abrir a boca pra dizer algo ela agarrou minha nuca e me beijou ou mordeu, sei lá, improvisei minha mão com tanta raiva naquela perna que estalou o tapa, tão repentino foi que errei a perna e acertei em cheio sua bunda arrancando um gemido baixinho. 1 x 1! Ela montou sobre mim feito uma predadora me tirando qualquer possibilidade de fuga, como se alguém pensasse em fugir? De uma das mãos ativa, passei a ter duzentas e elas eram tão hábeis e fogosas que nem eu sabia dessa.

- Posso te recompensar, amor?
- (...)


tem certeza de que eu ainda precisei responder?
e lá se foi minha camisa polo branca zunindo pelo ar, e vi algo preto e vermelho passando diante dos meus olhos.. foi a última coisa da qual eu consegui discernir naquela noite.
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