sobre..

Rene Barbosa por.. mim mesmo. Brasileiro, carioca, rubro-Negro. Em algumas oportunidades da vida aprendi importantes lições, ora às duras penas, ora na maciota, acumulei valores e decepções, perdi alguns rounds, em outros, esmurrei minhas adversidades com criatividade, e uma dose de talento bruto. Autruísta por natureza, egoísta por necessidade. Jamais falando de sí próprio na terceira pessoa. Sempre deixei que as pessoas me julgassem, algumas vezes me importei realmente com que pensavam, em tantas outras toquei o foda-se. Leia mais

nicePics

Featured Work

RSS Feed Twitter Facebook

subscribe via email

Quem nunca foi usado?

Naquele segundo que fechei os olhos, respirei fundo e deu pra sentir o vento frio daquela noite entrar pelas narinas e chegar gelado enchendo os pulmões de ar. Imediatamente veio a imagem dela na cabeça, instintivamente.
Apertei os fones no ouvido enquanto ouvia a dança das cordas da guitarra tocada por Mark Knopfler, me peguei rindo sozinho e viajei no tempo até aquela noite julhina de sexta. Pouca luz, foi a única exigência dela, e meu único pedido era que parasse o tempo. Ainda lembro das tatuagens, pura obra de arte se conjugada com seu corpo era a Capela Cistina dos meus olhos. Menina-mulher e Deusa, ali estávamos juntos, com não mais que uma dúzia de pequenas velas, que tornavam ainda mais quente o ambiente, enquanto cada peça de roupa minha era arrancada à dentadas displicentes que induziam a mordidas, eu deitava na cama completamente estático, era quase patética a cena por mim ilustrada, semi-nu calçando no pé esquerdo apenas uma meia soquete branca, já ela, nuazinha em pêlo, só de pulserinha no tornozelo brilhava nos reflexos dos seus piercings, era a melhor definição da perfeição naquele momento, demoníaca e angelical, me fazia mero instrumento do seu bel-prazer, é.. fui usado, mas quem não gostaria? Abdiquei da virilidade masculina e ofereci à ela toda minha força e resistência pra fazer da noite, inesquecível. Meu corpo, parque de diversões pra minha criança, divirta-se! Nossas mãos, minhas carícias, seus beijos, mordidas e arranhões. "Vem pra mim benzinho.." suplicava ela em uma das últimas palavras de pudor que proferira. Madrugada adentro, fizemos amor bonzinho, fizemos sexo sem-vergonha, e não me lembro de ter sido tão xingado por fazer uma mulher feliz, e acho que nunca fomos tão xingados por fazer mais invejosa aquela vizinhança, que não era surda. Esquecemos da vida, fizemos parar o tempo, brincamos de Deus e criamos nosso tempo. Um solavanco, e senti sacudir na nossa cama.. Minha mente idealizou uma estranha voz metalizada que dizia: "Próxima, estação, Piedade. Desembarque pelo lado direito. Ao desembarcar atenção com o vão entre o trem e a plataforma..." Puta que pariu, e mais uma vez adormeci pensando nela.

Ah! essas mulheres..



Song 4 the moment - Private Investigations, Dire Straits

Oui, madame..


Nova Friburgo, entardecer de um final de junho, julho de 2006, ou 2007, tanto faz. Fazia 13º, e tava frio pra cacete, lá estava ela, ignorando todas as leis da termologia, Num de satin bleu, à exato um palmo de seus joelhos me passavam uma estúpida sensação de Voulez-vous coucher avec moi.. ce soir? Que meus lábios entreabertos sussuravam quase um inaudível oui, madame. Sensualidade multiplicada pela impressionante firmeza das mãos ao segurar uma estranha mistura de Gin e água tônica somava-se a metade dos homens am ali rastejando por ela, mas cujo temor era bem maior. À primeira vista era charmant, encantadora, ao segundo olhar, caso conseguisse, ela era pure tentation, demoníaca, seus olhos azuis desdenhavam de tudo ao redor inclusive do frio, que por mera prudência passava à pelo menos três a metros de distância de seus pés, e numa entropia infantil era perceptível como o vapor desenhava seus ombros.
Como um morto-vivo, deixei alma e coração que me restavam do lado de fora e vesti-me da divindade de Ares para afrontar a Deusa Afrodite.
Despido da covardia dos mortais, avancei em meu destino em meio a tantos "excusez-moi", "s'il vous plaît" e "enchanté", finalmente consegui me unir ao círculo de fogo dela, que já parecia me conhecer há umas sete vidas.
Na minha humilde matemática, O dividendo de seis doses pelo divisor de três horas uniram o quociente de duas mãos, com um resto (de invejosos) que em alguns minutos se tornou zero,
Absolute! E meio mundo me odiava.
O quarto luxuoso do hotel, o tapete macio, a lareira, a noite, mais uma taça de vinho, e alheio ao som de BB King, e o assobio da copa das árvores, nossas armaduras soltavam dos corpos como as cascas de uma batata à tortura daquela fervura. Em poucos segundos estávamos ali, seu corpo absorto, encoberto pelo peso do meu.

(to be continued..)




Song 4 the moment - Je Ne Regrette Rien, Cassia Eller (versão)
Custom UsuárioCompulsivo
Widget BlogBlogs