sobre..

Rene Barbosa por.. mim mesmo. Brasileiro, carioca, rubro-Negro. Em algumas oportunidades da vida aprendi importantes lições, ora às duras penas, ora na maciota, acumulei valores e decepções, perdi alguns rounds, em outros, esmurrei minhas adversidades com criatividade, e uma dose de talento bruto. Autruísta por natureza, egoísta por necessidade. Jamais falando de sí próprio na terceira pessoa. Sempre deixei que as pessoas me julgassem, algumas vezes me importei realmente com que pensavam, em tantas outras toquei o foda-se. Leia mais

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Improvise



Song 4 the moment: Back to Nice, Count Basic

- Alô, Pedro?
- Ele.. quem fala? (fingi que não sabia)
- Oooi, é Dani, Daniela.. do cursinho. Lembra?
- Ahh.. oi. (Dã! que surpresa)
- E aí sumido, como cê tá?
- Ótimo meu bem. O que te faz me ligar? Achei que nem tinha mais meu número.
- Ah! deixa de ser bobo, você tá sempre aqui
- Sei.. depois do último furo? Sei não.
- Ai.. vamos pular essa página.. Posso me redimir?
- hmmm, pode tentar.
- Então, vai ter uma paradinha na casa da Gabi esse fim de semana, vamos?
- É, já tá dando bola fora, tá vendo? Nosso último encontro era só vc e eu.
- Bobo.. Ah vai. Rola uma socialzinha, vai ser legal, sexta agora. às 10, diz que vai.
- Ok, vou lá ver qual vai ser.
- Beijo lindo, te espero.
- Até, princesa, beijão.

Sei.. Sei bem como é, Daniela não me ligava tinha uns 6 meses, e depois da última que ela aprontou comigo eu fiquei master ressabiado. Porra! A mina marca comigo, joga lenha na fogueira a semana inteira, e me deixa esperando três horas pra no final eu receber um mísero SMS dizendo: "Poxa, querido.. desculpa, não deu." Num ferra né?! Tá bom Daniela. Vai esperando eu aparecer, vai esperando..

Pô, mas era foda pensar nela e a boca não encher d'água, bastava ela entrar na sala de aula de vestidinho florido que o meu cérebro travava na hora, ela sentava sempre por perto, e era muito difícil se concentrar na matéria e parecia ser só comigo que o problema persistia. A Gabi era a fiel escudeira dela nas fofoquinhas, e nas algazarras, mas a Dani, parecia não ter nada de especial, não chamava a atenção, tatuada, cabelos castanhos bem curtos, um corpo cheio de imperfeições, na boca, uma argolinha que quem pudesse beijar não teria a menor votade de sair, quando ela resolvia encarar.. O cara tinha que ter muito peito pra não desviar o olhar, talvez eu fosse um "dos caras", nunca amarelei pra ela, que gostava de desafiar. Sempre falando gracinhas, sempre deixando a alcinha do vestido cair, sempre se insinuando. Mas eu não sou bobo, quero dizer, não era até conhecê-la.

Passado o furo da Dani daquela noite, passada também minha raiva, achei que ir nessa paradinha na casa da Gabi seria uma boa forma de poder dar o troco, mas como fazê-lo? Ela tinha que ter algum ponto fraco, não era possível. A quem desafiasse a olhar ela parecia uma fortaleza, firme nas palavras, no andar, no gestual, ajeitando o cabelo, sorrindo. Cacete! Parecia invencível. - Pensa Pedro, pensa.. improvisa.

Naquela noite eu achei que chegar atrasado seria um bom começo, demorei com tudo que poderia, fazer a barba, escolher a camisa polo branca, troquei de calça umas três vezes, tênis ou sapato? Pra no final tudo que eu consegui com a palhaçada foi meia horinha a mais, eu conhecia o prédio onde morava a Gabi era fácil chegar. Ao tocar o interfone eu ouvi a mesma vozinha aveludada:

- Pedro? Heheh te vi pela câmera, tá gato! Vem sobe!
- Posso ganhar uma de você pelo menos?
- Anda bobo, vem.

Conforme o elevador se aproximava da cobertura eu ficava cada vez mais tenso, ancioso, travado, meu improviso à essa altura teria ficado no carro, escondido embaixo do banco. Fazer o que? Agora vai e encara a fera!
A porta tava entreaberta, e lá estavam na sala de estar, dois amigos da Gabi que eu conhecia de vista, mais três meninas do cursinho, cujo eu não tinha a menor intimidade, a dona da casa, o namorado, e meu karma, num vestido preto com detalhes vermelhos e a maldita alça caída sobre o ombro, sorriu pra mim e com uma das mãos fez o gesto de "senta aqui". A noite corria feito água deibaixo da ponte uma, duas horas da manhã, conversas, partidas de sueca, muitas risadas, umas garrafas de vodka, Anderson tinha uma habilidade fora do comum para preparar drinks, e a mulherada caiu dentro.
Já passava das três e meia quando o contingente começou a ir embora, casais formados e todos bem alterados pela magia do álcool, na cozinha o casal Anderson e Gabi protagonizavam um cena digna daquelas do Cine Privé que eu via nos meus sábados quando moleque, aos trancos, barrancos e risadas, derrubando copos, facas e o abajour eles sumiram no corredor que dava pros quartos, porém, mais desajeitado que tudo isso, somente eu, tentando disfarçar que não reparava no vestido (que já era curto) da Dani estava acima e muito acima da metade da coxa, mostrando as pernas e quase me matando.

Com o copo na mão, ela mordeu os lábios e foi se aproximando, leve, sorrateira feito uma cobra. - Improvisa Pedro, Improvisa rápido(pensei) - Não poderia ser melhor, quando eu pensei em abrir a boca pra dizer algo ela agarrou minha nuca e me beijou ou mordeu, sei lá, improvisei minha mão com tanta raiva naquela perna que estalou o tapa, tão repentino foi que errei a perna e acertei em cheio sua bunda arrancando um gemido baixinho. 1 x 1! Ela montou sobre mim feito uma predadora me tirando qualquer possibilidade de fuga, como se alguém pensasse em fugir? De uma das mãos ativa, passei a ter duzentas e elas eram tão hábeis e fogosas que nem eu sabia dessa.

- Posso te recompensar, amor?
- (...)


tem certeza de que eu ainda precisei responder?
e lá se foi minha camisa polo branca zunindo pelo ar, e vi algo preto e vermelho passando diante dos meus olhos.. foi a última coisa da qual eu consegui discernir naquela noite.

Um comentário:

Ékinha disse...

Pronto! Agora vc já pode deixar de ficar triste! Eu gostei!
Principalmente da penúltima frase com o 'algo preto e vermelho'! =D
Achei um post diferente dos outros, porém não menos interessante viu!

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