Song 4 the moment: 4 wings (Radio Edit), Penelope
Na faculdade parecia mais uma das estudantes apressadas e desajeitadas, mas não pra mim, alguma coisa se movia diferente naquele andar.
Comecei a me enturmar com a galera dos outros períodos, e era bacana a aliança, muitas reclamações em comum dos professores, muita fofocas entre as meninas, um futebolzinho aqui, outro ali entre a rapaziada, mas o que unia todo mundo mesmo era a matança de aula no último tempo da sexta, incrível, mas todo mundo tinha uma sede incrível quando chegava o final da semana.
Naquele dia eu cheguei um pouco mais tarde que os demais, e as risadas frouxas já estavam um pouco mais acentuadas pelo combustível amarelo-ouro das dúzias de garrafas. Fiz o favor de roubar uma cadeira da mesa ao lado e sentei de frente para o corredor que pra minha surpresa revelava-me de baixo pra cima um par de pernas perfeitas modeladas num vestidinho preto com florezinhas desenhadas que subia pelas coxas a cada passo. Eu tinha a certeza de que não tinha bebido nada (ainda), mas será que ninguém teria notado naquela cena?
Julia voltou me olhando diretamente nos olhos, e com um sorriso que mais uma vez eu não entendia, por hora, eu, Édipo diante da Esfinge, "Decifra-me ou te devoro".
Ah, sinceramente, foda-se eu queria mais era que ela me devorasse sem precisar entender uma vírgula. Teria sido uma espécie de código aquela ajeitadinha nos óculos e a levantadinha de sobracelhas? Só Deus sabe.
Conforme adentrava a noite, diminuia acentuadamente os amigos à mesa.. Até sobrarmos cinco, e eu não tencionava sair dali tão cedo, não enquanto eu não conseguisse entender porque eu queria tanto aquela mulher, e não entro num jogo pra perder.
Ela se levantou estendendo a mão esquerda pra mim.. "Vem, vamos!". Tinha alguma coisa para pensar?
Antes de ser arrastado por ela, joguei uma nota de cinquenta achando que era uma de vinte na mesa - Cadu, paga a minha cota daqui.
Fui arrastado umas duas quadras até a beira da praia, onde sem palavras ela se aproximou tanto encostando bem de leve sua barriga na minha, e eu sentia seu cheiro, tal como a dona, indecifrável. Nossa diferença de altura era um pouco evidente, mas não incoveniente, enquanto nossas bocas se tocavam começava a chover fininho, parecia que uma cúpula de fogo nos envolvia Ana Julia e eu, nada nos alcançava, nada nos tocava eu a abracei um pouco abaixo da bunda e a levantei como se fosse uma criança, ela subia, leve, graciosa, e lá do alto sorria pra mim voltando sua boca para onde não devia ter saído, eu poderia ficar ali horas enaquanto decifrava o segredo da minha esfinge, bela, fina, elegante e precisa. A desci lentamente e um pouco menos amigável, eu puxei sua coxa deliberadamente, fui entendido e laçado com a outra perna, formando o conjunto perfeito, o encaixe perfeito, feito lego, nos deixando levar pelo balanço, as ondas do mar quebrando ao fundo parecia um solo de sax, e como ela mesma disse "É só deixar sentir".
No instante em que seus pés tocaram no chão, o mundo nos chamou de volta e num tapinha bem imbecil na minha cabeça Cadu brincava.
- Acorda muleque! tá dormindo?
Onde ela estava, onde eu estava?
Absorto na cena eu sorri com uma cara de idiota e levantei.
- Rene..
- Hum?
- Vem vamos! O pessoal quer comer alguma coisa.
Um comentário:
hahahahah
ameiiii...mt bom!!!!
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