6:57 da manhã, domingo com a cara de outros domingos que já vivi, eu ouvia uma música enquanto sentia o vento frio janela adentro e brincava com as gotas de chuva que desenhavam diferentes trajetos no vidro, completamente absorto, ali estava com os pensamentos viajando entre milhas e milhas de distância.
Putz! Senti o coração apertado, saudade talvez fosse a palavra que mais se ajustava enquanto eu tentava resgatar-me à realidade, missão essa que parecia quase impossível. Decidi me entregar debruçado na janela eu contemplava a rua vazia, nenhum carro, nenhum trabalhador, nenhum vagabundo voltando da farra parecia que esse vazio refletia cada vez mais meus sentimentos.
Fechei os olhos, e voltei até aquele final de semana de agosto, onde pude lembrar-me das minhas mãos passeando sobre o corpo dela, que dormia quietinha morta de frio, encolhida. Minha proteção era tudo que eu tinha pra dar.
Retirei de leve os cabelos que lhe cobriam o rosto, e sussurrei bem de pertinho no pé do ouvido.
- Você não faz ideia do quanto eu gosto de você menina..
Não pretendia atrapalhar seus sonhos, dei-lhe um beijo quietinho na testa, sentindo só felicidade e satisfação por estar ali sabendo aproveitar cada segundinho, cada risada, relembrando com raiva cada briguinha idiota pra poder descontar tudo em beijos e abraços apertados, beijos e mais beijos, e transas de madrugada sobre capô do carro na beira da praia.
Me ajeitei deitando do seu lado, entrelacei os dedos sob minha cabeça, respirei fundo, fui adormecendo, adormecendo.. Até me assustar com um movimento repentino, ensaiei levantar, entretanto fui detido pelo peso leve da sua mão no meu peito e sua cabeça roçando no meu braço, feito uma gata se aconchegando, nos juntamos ainda mais, puxei o edredom e cobri nossas vidas de toda a maldade que nos cercava.
- Nada vai nos atingir pequena, nada.
7:21 da manhã, domingo com cara de outros domingos que já vivi, a música ainda tocava, a chuva ainda caia teimosa no Rio com um vento frio gelando a ponta do meu nariz me fazendo o impossível resgate dos meus pensamentos a realidade. Acorda rapaz, foi só uma lembrança boa. Não, eu não diria "só".
Quem um dia disse que malandro também não ama, que malandro também sente saudade?
4 comentários:
Bem meu anjo , não vou ficar rasgando seda pra ti , sabes que escreve como ninguém , que toca no fundo, q faz pensar ...
Esse sinceramente foi um dos textos mais bonitos que já li ... A frase: "puxei o edredom e cobri nossas vidas de toda a maldade que nos cercava." , encerrou o texto com chave ouro meu caro ...
Obrigado por isso !
Best Regards,
K
Saudade, hoje eu posso dizer o que é dor de verdade. Saudade corta, saudade machuca, tem hora que a saudade chega a me dar dor fisica... Mas aprendi a conviver com ela, aprendi a viver sem a companhia de quem me trás saudade. Mas, eu vou levando. Tá foda Nê, você é foda, como diria Clarah Averbuck em um texto de 'Vida de Gato': - Mas que merda ele é tão foda e ainda escreve melhor do que eu!
Te amo xuh !
certamente um dos melhores...chorei de saudade agora...
Ah cara, vc já sabe td o q eu penso sobre td o q vc escreve! Eu me transporto pra outros lugares qd leio suas histórias, fico imaginando ou lembrando de coisas, eu viajo...
Já te falei hj q vc eh mt inteligente? xD
Bjão.
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