sobre..

Rene Barbosa por.. mim mesmo. Brasileiro, carioca, rubro-Negro. Em algumas oportunidades da vida aprendi importantes lições, ora às duras penas, ora na maciota, acumulei valores e decepções, perdi alguns rounds, em outros, esmurrei minhas adversidades com criatividade, e uma dose de talento bruto. Autruísta por natureza, egoísta por necessidade. Jamais falando de sí próprio na terceira pessoa. Sempre deixei que as pessoas me julgassem, algumas vezes me importei realmente com que pensavam, em tantas outras toquei o foda-se. Leia mais

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The lilac curtain

Todas as vezes que eu olhava aquela foto dela fazendo biquinho me dava uma raiva grotesca. Raiva de saber que estávamos longe demais um do outro, raiva de saber que ela estava com outro cara, raiva de saber que tinhamos tanto querer em comum e incompleto, mas também.. O que eu podia fazer? Pegar uma droga de avião e ir até lá na cara de pau?
Não fosse tamanha burrice, talvez ela não tivesse lido meus pensamentos, sentido minha angústia, e quando eu cheguei do trabalho na quinta, passei na caixinha de correspondência e encontrei em num envelope, aquela foto dela fazendo biquinho, uma passagem só de ida pra Londres marcada pro segundo final de semana de julho e um pedacinho de seda lilás com um único bilhete que dizia: "Vem me ajudar e escolher a cor das minhas cortinas, vem me ajudar a escolher o que fazer da minha vida.. Beijos, sinto saudades".
Como eu poderia negar tal convite? Eram únicos dez dias, era única a oportunidade, era único o nosso querer, era ímpar tamanha atitude, como eu poderia negar?

À plenos pulmões, sem pensar, abri minhas asas e voei pra junto dela, que me esperava absurdamente linda no aeroporto com o sorriso que eu pedi a Deus. Com honras de Chefe de Estado fui coberto de paparicos, beijos, carinhos, e era tanta nossa saudade, eu queria ter mil braços e bocas.
Ao chegarmos, já estava tudo esquematizado, pra minha surpresa, ela nunca fora muito organizada, e o jantar estava perfeito, à meia luz decorado com velas, acompanhado de um vinho francês, a noite parecia ter dez minutos mas já eram praticamente quatro da manhã quando depois de algumas taças encontramos-nos suficientemente altos, felizes e entregues à paixão deitados no chão.
"Vem conhecer meu quarto, querido.. nosso quarto se você preferir, ou achou mesmo que eu lhe daria quartinho de empregados?".
Ela se adiantou uns passos e foi direto pra janela, onde tinhamos a vista do Tâmisa e da London Bridge, em termos de belza não era nada comparado à ela, que de costas apoiada no pára peito parecia só me esperar, eu a abracei por trás com firmeza, acariciei seus cabelos, sentindo seu perfume inebriante e beijei sua nuca com tamanha sutileza que faria arrepiar até a alma, mesmo de costas pra mim seus braços me puxavam pra junto do seu corpo quase que magneticamente, minha mão esquerda ainda se encaixava perfeitamente em seu quadril tendo minha mão direita completamente indecisa na dura missão entre desabotoar sua blusa, acariciar seus seios, ou puxar seus cabelos.
Ali, de pé, éramos ela, nosso querer, e eu.. Sua pele, seu perfume, nossa cama, as velas, um edredom lilás e uma noite perfeita.. Eu só poderia estar sonhando, até perceber que acordar com meu braço formigando debaixo dos seus cabelos era fantástico e real, surreal. Ao longe, a nossa janela.. ainda sem as cortinas, e Londres amanhecendo debaixo de chuva. Para mim bastava, eu só queria estar ali.. daquele jeito, com ela dormindo feito um anjinho, arfando baixinho no meu peito.




Song 4 the moment - Before you walk out of my life, Monica

Nunca tinha percebido

Passávamos horas do nosso dia trocando mensagens por MSN, talvez fosse nossa essa a única forma de liberar nossos medos e raivas, era engraçado como interpretávamos tudo pelo menos de duas ou três formas diferentes, as vezes dava briga, as vezes não entendiamos a piada.
Mas naquela noite de terça feira as coisas realmente começaram a mudar:
- Oh, vou desconectar. Me liga daqui a 10 minutos
- Tá, vai sair hj?
- Não sei.. vamos no shopping comigo? Preciso de ajuda com uma coisa
- Beleza. Já te ligo.
Éramos ótimos amigos, ela contava dos caras idiotas que ela ficava, eu confessava meus casinhos, e assim nos distraíamos bem, era boa a nossa sintonia. Entretanto, inversamente proporcional à ideia que ela teve aquela noite de comprar lingerie. Meu olhar de amizade me impedia de reparar em suas curvas, mas ela não parava de me elogiar, sempre em tom de brincadeira sempre dizia.. "Aaah se eu pudesse".
Acho que vendo as lingeries minúsculas que escolhia mexeu com a minha libido, e era óbvio que toda vez que ela se afastava eu tentava dar uma olhadinha rápida imaginando como aquele pedacinho de tecido modelaria melhor aquele corpo. Maliciosa, colocava a lingerie junto ao corpo e me provocava:
- E aih? Será que fica bonitinha?
- Errr.. Arrã . (Ahh claro, linda.. no chão do meu quarto ia ficar melhor ainda - libertei um pensamento depravado)
Proposital e diabólica ela chegou bem perto e disse:
- Agora vamos escolher a sua, e olha.. adoro cuecas brancas.
Acabei pensando besteira, mas quem não pensaria? Ela era maravilhosa, tentadora, um conjuto perfeito, sem exageros, num corpinho de ninfeta. Eu paguei os presentinhos em troca da carona, mas para casa dela e não para a minha. (sabia.. sabia que ia dar merda)

Entramos no apartamento já nos beijando como se só tivéssemos mais seis horas de vida, ela me atirou em sua cama e sentou sobre meu corpo, prendendo os cabelos vermelhos, vivos, inflamáveis, tanto quanto nosso vai e vem desordenado atrapalhado por um par de jeans incovenientes. Nunca pensei que pudesse ser tão complicado abrir três míseros botões.
Ela me deixava completamente louco e burro!
Como eu nunca reparei nela?
No pulo do gato ela saiu dos meus domínios e com uma das bolsas na mão, um sorriso no rosto e um baixinho "volto já". Desapareceu feito fumaça.

Sentei na beira da cama e pra me recuperar e entrar no clima equipei-me do adereço por ela escolhido, branquinha, boxer, ajudava a tornear minhas pernas e dava um certo.. volume (rs.) liguei o som dela baixinho. Deitado com os braços atrás da cabeça não tardei a esperar seu retorno. Divinal num conjuntinho verde-esmeralda, combinando com seus olhos, ela subiu na cama, e de pé, com as pernas dividindo meu corpo, sobre mim, ela levantava os cabelos com as mãos até o topo da cabeça revelando a tatuagem no pescoço. Um trevinho de quatro folhas, (que sorte!) se pondo a dançar lentamente, sexy, mordiscando o lábio e passando o pé direito me alisando cada centímetro, das minhas coxas até meu rosto, fazendo com que eu o beijasse..

Cacete! Como eu nunca tinha percebido isso antes..?

(to be continued)



Song 4 the moment - Pedro Mariano, Voz no ouvido

Vermelhos são..

Sexta feira, e o já tradicional choppinho pra distrair. Não sei por que diabos ela estava sempre sozinha naquela oitava mesa da esquerda, sempre o mesmo dry Martini, 5/6 de gin, sempre a mesma revista quinzenal, sempre o mesmo cabelo preso no alto da cabeça por uma caneta bic. Ela era sempre a mesma, super discreta, parecia realmente ser a sua intenção passar feito uma ninja, sem que ninguém a notasse. Mas eu sempre percebia.
Aquele era o dia de esbanjar confiança, e decidi dedicar aos infames companheiros acéfalos da classe masculina essa aulinha de como se conquistar uma mulher em quatro fases. E.. Talvez eu devesse escrever um tutorial a respeito.

O Aquecimento:
A esquadrinhei toda, rico em detalhes, se houvesse um concurso, eu gabaritava, se fosse uma corrida eu era barbada. Ela irradiava a mulher séria e inteligente, com senso de humor apurado, entretanto adormecido. Não usava acessórios, exceto pelo par brincos de pedrinhas, seus óculos para leitura (com a ponta das hastes marcadas por mordidas) já tinham se tornado parte do desenho do seu rosto, dedos com salpicos de tinta azul mostrava alguém que tinha como melhor amiga uma caneta na maior parte do dia, nada de decotes, nada de fendas na saia, nada de saltos. Enigmática feito a esfinge, "decifra-me ou te devoro" era sua personificação.

Approach:
Talver por se tratar de uma espécie de labirinto, o primeiro contato era realmente a parte mais complicada de todas, mas eu tinha informações suficientes pra sair na pole position. Sem me dar ao luxo de ignorar tais detalhes, sempre que tocava uma música, percebi que seus pés marcavam um ritmo cadenciado, lento.. Nice and slow, parece que encontrei o pote de ouro e o leprechaun, me dirigi à jukebox e arrisquei uma setlist com base em Elza Fitzgerald - Barry White - Etta James (que timaço).

Start:
Quando seu drink estava um pouco abaixo da metade eu me adiantei ao garçom mais próximo solicitei mais um para a dama da oitava mesa da esquerda, ao invés de azeitona, cerejas, duas! Subliminarmente acho que o vermelho revelaria parte da minha intenção. Ela entenderia o recado, se quisesse. Pela direita a mão do garçom, pela esquerda, o intruso. Numa fração de segundo, a troca rápida de atenções entre a surpresa do drink estranho e alguém que tenha se aproximado tão furtivamente, chegado sua bolsa aberta para o lado e sentado-se.

- Muito obrigada, mas aquele era meu último drink.
- Talvez, o último sozinha, com o perdão da intromissão, me apresento, Eros.
- Perdoada a intromissão Sr. Estranho, mas não estou tão interessada em companhia, como pode perceber, não se importe nada pessoal.
- Talvez não esteja interessada numa companhia qualquer, mas se me permitir, posso ilustrar o diferencial, aí se tornaria pessoal.
- E como seria isso, se já começou seu ato como um "convencional"?
- Talvez tenha razão, mas se não souber seu nome antes de saber se quer dormir comigo me sentirei "mais um".
- Hahaha.. Claire, prazer.
- Posso sentar-me?
- Já está sentado, porém não se acomode tanto.
- Certamente que não, vejo que move seus pés tão discreto e ritmado que parece até que gosta dessa música.
- Sim, gosto, inclusive percebi que foi você que fez a setlist. Apesar de distraída, percebi suas intenções. À propósito, eu sou alérgica à cerejas, e detesto vermelho.
- (...) Me desculpe, mas não esperei que a comesse.
- Nem morta! Bom, então estamos encerrando por aqui?
- E me faria a desfeita de deixar seu drink pela metade?

Em dois goles ela bebeu o restante da taça e eu, me f...

- Então..?
- Sinto que não me permitiu mostrar a razão do meu interesse.
- Eu permitiria, se não fosse descrente da natureza masculina. Vocês, só mudam de endereço.
- E de personalidade, no reino animal os chipanzés se destacam pela inteligência, outras raças pela força bruta.
- Admiro seus esforços sr. Discovery Channel, serei bem educada e sincera com você. Realmente não estou interessada.
- (...) É realmente uma pena Claire, a vejo aqui há pelo menos dois meses toda sexta, nessa oitava mesa, o mesmo dry Martini. Eu a aprecio, percebi coisas em você que ninguém mais aqui teria notado.
- Pretencioso, entretanto honesto. Sim, você é diferenciado, elegante e simpático. Parabéns, és um Gentleman, agradaria à muitas outras aqui.
- Agradeço seus elogios, mas não gostaria de agradar "às outras".
- Sinto muito, mas já está tarde. Você daria um ótimo papo, para um dia menos tenso.
- Ok, dou-me por vencido por hoje, até sexta que vem.
- Até.

O trunfo:
Ao levantar eu confiei no seu andar, e mantive minha certeza de que ela olharia pra trás. Errei, mas nem tudo estava perdido, ela entraria no carro preto estacionado há menos de 50 metros dali, e esperei na porta do bar, mirando-a. O garçom tentava me convencer de que ela era realmente jogo duro, que seria impossível a conquista. O gostinho amargo de derrota vinha sutilmente no final de cada gole do meu chopp. E lá se vai, o que tinha de diferente naquela mulher? Ora.. eu também não sou perfeito, naum posso vencer sempre, mas perder? Não.. perder jamais.

... Ao abrir a bolsa e pegar a chave do carro veio junto um bilhete dizendo:

"Perdão pela invasão do íntimo universo da bolsa feminina, ao deixar esse cartão, mas não pude deixar de notar que você mentiu ao dizer que detesta vermelho, essa dúzia de flores sobre o seu banco do carona são um pedido de desculpas, e suas cores têm uma representatividade. Meu telefone é uma espécie de Call Center, ligue se precisar, talvez outro dia. A América não foi descoberta em um única semana. Vá pra casa em paz, bom descanso.
Eros.
PS: a faixa 4 do cd que está no player é a que estava tocando na jukebox, não sei por que mas tive a impressão de que é sua música favorita."




Song 4 the moment - I've got so much to give, Barry White

Santo, santo joelhinho

Perdi a conta de quantas vezes fiz amor ouvindo India Arie, mas nenhuma das vezes se comparou com aquela.
Já ouviu falar de atmosfera mágica? E costumam dizer um termo chamado "coisa de pele", sinceramente, ali nunca foi pele, era muito além, era alma, coração, subnível de entendimento, era quase telepatia.
Desde a primeira vez que nos beijamos eu senti seu umbigo emanar uma espécie de código de calor que acho que só minha cintura decodificava. Nos beijavamos no mar, na rua, nas estrelas, onde mais Deus permitisse.
Domingo, chato pra cacete, passando uma espécie de Botafogo x Ponte Preta na tv, e eu sozinhão em casa pensando por onde estaria desfilando aquele joelhinho? Particularmente coragem nunca foi meu problema, mas passava a ser todas as vezes que eu a chamava mentalmente, minha barriga dava uma tremidinha, era engraçado, logo eu.
Deitei no sofá e comecei a lembrar daquele final de semana que passamos juntos na minha casa de praia, foi realmente muito, muito divertido entre as cervejinhas durante o dia, as saidinhas no frio da noite, numa daquelas voltas pra casa de madrugada eu dirigia concentrado demais no que fazia pra perceber que a música regia nossos sorrisos, descansei minha mão direita na sua coxa quase nua, e não sei porque diabos aquele vestido vermelho tava tão acima do joelho assim, era sexual, entretanto santificado, santo, santo joelhinho.
A cada sinal de trânsito os beijos ficavam cada vez mais ardentes, e bem displicente errei o trajeto umas três ou quatro vezes, pra que a pressa? Tinhamos a vida inteira aquela noite, eu queria mostrar à ela meu santuário, um lugarzinho secreto, onde eu lia Mario Puzo durante as tardes inteiras ouvindo só o canto das gaivotas, era meu trunfo.

Finalmente chegamos ao destino, eu desci do carro e não havia nada por perto exceto o sereno, a maresia, um cobertor repleto de estrelas e a lua, cheinha como se quisesse me acender os holofotes pro nosso show, deitamos no capô do carro e rimos das minhas piadas sem graça durante um quarto de hora, o radio do carro ligado, eu ouvia as cordas de um violão embalar nosso sentimento, ela deitou no meu bíceps, se virou um pouco e repousou a mão no meu peito, me beijou, e sentiu meu coração bater na sua palma, como se fosse um ofertório. Minha mão deslizava na sua coxa levantando seu vestido, o santo joelhinho dobrado roçava muito lentamente na minha perna e tocava justamente onde "não deveria", nossos corpos e mente estavam entregues à paixão, numa afronta à gravidade ela subverteu e montou-me com a perícia e intimidade da sua primeira bicicleta, ao mesmo tempo que descia pra me beijar a barriga, arrastava seus seios desde a minha cintura até o queixo, e pode apostar, era lindo quando ela beijava minha testa. Minhas grandes mãos estavam cheias dela, parecia que eu não conseguiria pegar tudo mas ainda sim era simétrica e perfeita a sintonia entre suas curvas e meus dedos, ainda me lembro, ainda sinto isso, a noite foi fantástica.

De todas que eu nunca esqueci, ela foi inesquecível. Tomei um susto, acordei no pulo do gato, pra atender a merda do telefone.
- Oi! Tá fazendo o que?
- N.. n.. na-nada, to de bobeira.
- Vamos ficar de bobeira juntos? Tá tão chato meu domingo..
- (...)

E ainda hoje todas as vezes que sonho com ela fico com um olho no peixe outro no gato esperando a nossa telepatia funcionar e meu telefone tocar outra vez.



Dedicado à duas mulheres que me acompanham, incentivam, e me aturam nos momentos de amargura.

Bruh, Mãe. brigado pela moralzinha ;)



Song 4 the moment - India Arie, Ready for love

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