sobre..

Rene Barbosa por.. mim mesmo. Brasileiro, carioca, rubro-Negro. Em algumas oportunidades da vida aprendi importantes lições, ora às duras penas, ora na maciota, acumulei valores e decepções, perdi alguns rounds, em outros, esmurrei minhas adversidades com criatividade, e uma dose de talento bruto. Autruísta por natureza, egoísta por necessidade. Jamais falando de sí próprio na terceira pessoa. Sempre deixei que as pessoas me julgassem, algumas vezes me importei realmente com que pensavam, em tantas outras toquei o foda-se. Leia mais

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Assim não me faz mal, não



Song 4 the moment - Diary, Alicia Keys

"Deixa te estender a mão, juro que não atrapalho..."


"Quero desenhar sobre seu corpo tendo minhas vontades como tinta, minhas mãos e língua como pincel, fazer de você minha obra prima, minha Monalisa.

jura que me deixa ser seu da Vinci?"

Como o trabalho de um relógio essa frase tiquetateava minha cabeça, tumultuava minhas ideias, me matava de saudades segundo a segundo.
- Quero te apresentar um lugar, um lugar especial
- Pois bem, apresente. Estou à disposição.

Era de praxe meu atraso, mas ele nunca abriu a boca pra reclamar, ao invés, procurava sempre se ocupar com um mínimo detalhe na rua.
Encostado ali num ferro, ficou vendo um jogo horroroso numa tv ao longe, numa véspera de feriado, rodeado de pessoas estranhas, contudo felizes pela folguinha semanal.
Corri apressada, esboçando um sorrisinho de desculpas pela meia hora que o fiz esperar. Mas não havia no mundo melhor tradução para isso do que o nosso abraço, a senhora magnética entre nós era foda, colávamos feito super bonder.
- Vamos?
- Hoje sou todo seu, como prometido.
- Vem, então vem.

Então segurei forte sua mão e só larguei quando chegamos no meu "cantinho", um hotelzinho muito discreto, sem luxo, bem no centro de tudo, mas com uma joia raríssima nos dias de hoje: paz e sossego.

Me lembro bem como se fosse hoje. - pisquei pra ela.
E vasculhando as ideias tiquetateadas pelo relógio da saudade me lembrei daquela véspera de feriado, justamente no momento que desliguei meu telefone e minha cabeça do resto do mundo deitando ao seu lado naquela cama, conversávamos e as risadas comigo eram praticamente inevitáveis, provindas grande parte das minhas piadas sem graças. Vê-la se matando de rir, e não fazê-lo também era contra as leis da natureza, era mudar o curso de um rio.
Em uma palavra? Era felicidade. Múltipla, recíproca, besta e desenfreada.

Nos beijos a mais, roupas a menos, no tesão a mais, pensamentos a menos, e assim seguia nossa balança equilibrada, especialmente naquele dia fui duro, vil, cruel e canalha. Tudo que ela pedia, contra eu repondia.
- Não, aí não! - aí sim, fazia.
- Pára, por favor pára - continuava.
Ser vilão não era tão mal assim, entre seus olhares de raiva eu via sua boca sorrir timidamente pedindo mais e mais.

E no fundo eu pedia aquilo. - sorri mansinho pra ele.
Queria ser dominada, possuída, ele me atropelava sem dó, quanto mais eu dizia não, mais ele contrariava. Entendi rápido a dinâmica do jogo passei a negar tudo maldosamente, aquilo era tudo que eu queria naquele momento pro resto da vida, tive uns duzentos e oitenta e seis orgasmos cada um mais avassalador que o outro, sem parar ele sequer me dava chances de respirar, quiçá dizer algo. E eu simplesmente adorava aquilo. Ataque e defesa, lutei bravamente, só até perder as forças, sucumbir e deitar-me exausta, indefesa implorando misericórdia..

Trégua momentânea..

Saí da cama entrando no banheiro, abri as torneiras deixando a água correr bem forte e morna, de volta ao quarto ela estava lá deitadinha, encolhida como um animal acossado, quando eu a toquei ela tremia dos pés à cabeça. - Você é seu homem, seu protetor, haja como tal, rapaz! (pensei)

A tomei no colo feito uma criança e a levei junto de mim até o chuveiro, onde ficamos a vida inteira até que ela pudesse descansar sobre meu peito aquecida pela água, protegida pelos meus braços, senti seu corpo acalmar no meu, pouco a pouco sincronizamos nossas palpitações..

- E me acalmei sobre ele. - Tentava em vão dizer alguma coisa, mas fui interrompida
- Shhhh. Não fala nada, deixa tudo assim por mim..

Mostrei meu cantinho, e ele me fez sentir mais mulher, criança..
Ela me mostrou seu cantinho, me fazendo sentir mais homem, menino..

Adormecemos ao som da nossa canção favorita.

Do informal, safadeza.



Song 4 the moment - Keep it together, BFE

Vamos falar de sacanagem..
Da cotidiana sacanagem com os idosos que deparamos nos pontos de ônibus lotados.
Da vespertina sacanagem com trabalhadores que esperam suas sub-conduções, para seus subempregos de subsalários e subserviências, porém de supra carga, lutando pra voltar para seus lares de supra problemas.

Da sacanagem noturna dessa geração que facilmente se perde em álcool e drogas só pra se ter mais um motivo de risada, e já não lembrar qual foi às nove da manhã.
Da sacanagem dos amantes, que esquecem que o principal aliado do amor é o respeito.

Da sacanagem que fazemos com nossos pais, quando queremos só "mais um pouquinho", desrespeitando nosso limite.

Da sacanagem religiosa cristã, umbandista, muçulmana, budista, do caralho a quatro, onde religiosidade agora passou a ser uma carteirinha do clube de fidelidade dos santinhos do pau ôco, hipócritas autorizados.

Vamos falar de sacanagem mentirosa dos homens de poder, que por mãos de uma população tão poderosa quanto vão à cargo, reúnem-se, votam e vetam marchas e legislações.

Vamos falar da sacanagem de homens e mulheres que trocam de dignidade como de camisa.
Das mocinhas ex-virgens que acham que o "bendito fruto de vosso ventre" foi feito pra ser criado pelas avós enquanto a vida continua, na sacanagem of course.
Vamos falar da sacanagem de homens que criam mitos em torno de uma arma de fogo, como se fosse ela instrumento de poder, não.. e não são, não podem, nada.

Vamos falar de sacanagem de vida, de grana, de sexo, do que é digno ou indigno, do que é complexo ou simples.

Quem nunca protagonizou, é aquela fila, venha e não precisa pegar senha.
Ainda vamos falar de sacanagem?




Do informal.
Sinônimos: transar; sem-vergonhice; malefício; maldade; judiação; molecagem; safadeza; brincadeira; traição; fuleragem; jogo sujo; bolinagem; desonesto; frescura; pilantragem; petiscos; coisa mal feita mas realizada com intenção falcatrua; safado; vagabundagem; ataque deliberado; sujeira; covardia .

Os malandros também amam



Song 4 the moment - Me and Mrs. Jones, Michael Buble


6:57 da manhã, domingo com a cara de outros domingos que já vivi, eu ouvia uma música enquanto sentia o vento frio janela adentro e brincava com as gotas de chuva que desenhavam diferentes trajetos no vidro, completamente absorto, ali estava com os pensamentos viajando entre milhas e milhas de distância.

Putz! Senti o coração apertado, saudade talvez fosse a palavra que mais se ajustava enquanto eu tentava resgatar-me à realidade, missão essa que parecia quase impossível. Decidi me entregar debruçado na janela eu contemplava a rua vazia, nenhum carro, nenhum trabalhador, nenhum vagabundo voltando da farra parecia que esse vazio refletia cada vez mais meus sentimentos.

Fechei os olhos, e voltei até aquele final de semana de agosto, onde pude lembrar-me das minhas mãos passeando sobre o corpo dela, que dormia quietinha morta de frio, encolhida. Minha proteção era tudo que eu tinha pra dar.
Retirei de leve os cabelos que lhe cobriam o rosto, e sussurrei bem de pertinho no pé do ouvido.

- Você não faz ideia do quanto eu gosto de você menina..

Não pretendia atrapalhar seus sonhos, dei-lhe um beijo quietinho na testa, sentindo só felicidade e satisfação por estar ali sabendo aproveitar cada segundinho, cada risada, relembrando com raiva cada briguinha idiota pra poder descontar tudo em beijos e abraços apertados, beijos e mais beijos, e transas de madrugada sobre capô do carro na beira da praia.
Me ajeitei deitando do seu lado, entrelacei os dedos sob minha cabeça, respirei fundo, fui adormecendo, adormecendo.. Até me assustar com um movimento repentino, ensaiei levantar, entretanto fui detido pelo peso leve da sua mão no meu peito e sua cabeça roçando no meu braço, feito uma gata se aconchegando, nos juntamos ainda mais, puxei o edredom e cobri nossas vidas de toda a maldade que nos cercava.

- Nada vai nos atingir pequena, nada.

7:21 da manhã, domingo com cara de outros domingos que já vivi, a música ainda tocava, a chuva ainda caia teimosa no Rio com um vento frio gelando a ponta do meu nariz me fazendo o impossível resgate dos meus pensamentos a realidade. Acorda rapaz, foi só uma lembrança boa. Não, eu não diria "só".

Quem um dia disse que malandro também não ama, que malandro também sente saudade?


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