Song 4 the moment: Só agora, Pitty
Precisei me abaixar pra catar todos os caquinhos que sobraram do meu coração naquela quarta-feira, foi como se ele tivesse sido atirado contra um muro com toda a força. Despedaçou em mil, dez mil.
É tão incomum estar sozinho, mas quando você realmente precisa que as pessoas entendam você, por mais inimaginável que seja a sentença, por quão grande seja o gigante, por mais absurda que seja a trama. Era só um ouvido, um colo macio e um cafuné que eu estava precisando, aquela vozinha rouca no ouvido pra dizer por mais que fosse mentira "Tudo vai ficar bem, você vai ver.. Amanhã é outro dia".
É tão duro caminhar, ao olhar alheio parecem pétalas, mas sob meus pés são cacos de vidro, carvão em brasa, pregos e espinhos, se espalha pelo chão, dourado, brilhante, mas não é ouro líquido, é meu sangue, gota a gota ele vai esvaindo, me abandonando.
É preciso tanta coisa pra fazer a mesa virar, pra levantar a cabeça, e seguir adiante, mas dói tanto, não tem onde apoiar as mãos, não tem pra onde correr, inevitável. A estrada é imensa e não dá pra ver nada que possa me animar a não ser a paisagem deserta passando pelos lados e a certeza de que não vai chegar tão cedo o destino.
Destino, que diabos seria isso? Dá pra reverter? E se tomar outro caminho? Será que tudo está escrito assim? É terrível admitir que estamos sendo idiotas ao lutar tanto contra alguns aspectos quando no final do capítulo já "está escrito" qual o resultado.
Tá tudo confuso, turvo, dolorido.
O vento tá mais frio, a comida sem sal.
"E agora, josé?
A festa acabou,
A luz apagou,
O povo sumiu,
A noite esfriou,
E agora, josé?
E agora, você?
Você que é sem nome,
Que zomba dos outros,
Você que faz versos,
Que ama, protesta?
E agora, josé?"