Song 4 the moment - Keep it together, BFE
Era tesão que envolvia calor, calor envolvia os corpos, corpos envolviam um ao outro.
- Lu.. cê já transou numa sauna?
- Já sim, umas mil vezes.
- Mentira! To falando sério.
- Não, não com você, não ainda.. Err.. Isso foi um convite?
- Não sei né, não disse nada.. Entenda como quiser, bobinho..
Clarice sempre gostou de me provocar, à sua maneira, sempre me usando, era baixa, vil e covarde. Tinha conhecimento detalhado de todos os meus pontos fracos, sempre soube que eu preferia a goiabada por cima do queijo, ou preferia assistir os jogos do meu time em silêncio, parecia ter um dossiê completo pronto à qualquer momento.
Quando fosse Lúcio seu terreno, seu andar era preciso, mortal e cheio de atalhos.
Não tinha defesas, pra que defender?
Enquanto os amigos na piscina conversavam sobre futebol, culinária, Big Brother e política internacional, alheios à conversa, Clarice e eu trocávamos olhares de uma extremo à outro. Lentamente os círculos e os assuntos iam esvaindo, algo parecia denotar que era o clima era de uma espécie de faixa de Gaza e interpor aqueles olhares não era uma lá uma atitude muito inteligente.
Por fim, restou o céu azul, a piscina deserta, dez metros de distância, um sol escaldante, um tesão acumulado de seis longos meses e duas míseras roupas de banho (e convenhamos, eu adorava seus biquinis minúsculos e coloridinhos).
Pra ela era muito fácil entender meu sorriso, e graças à profundidade da piscina minhas outras reações encontravam-se seguras em perfeita camuflagem, seu fôlego de atleta era bonito, admirável, de uma ponta da piscina à outra submersa ela deslizava sob as águas hábil como uma sereia, brincando de ignorar qualquer regra da hidrodinâmica que quisesse se candidatar a atrasar seu passeio.
Porém só não contava com um sereiano igualmente rápido e astuto.
Ao mergulhar forcei um encontro entre nós, eficaz e surpreendente. Assustada, Clarice emergiu.
- Porra! Tá maluco Lúcio? Quer me matar de susto?
- Não necessariamente de susto, você sabe.
- Sei? Eh, talvez.. mas sério, não repita isso.. Me assustei!
- Tá, agora o que exatamente dos últimos seis meses você gostaria que eu não repetisse?
- Você entendeu, Lucio, pára de se fazer de idiota!
Dando-me as costas riu, e nessa sutileza eu percebi que encontrei tudo que precisava naquele momento, sua boca era sinônimo de perfeição, e uma porta aberta pra todos os meus pensamentos impuros, tão conhecedora das minhas reações, ela era das suas, e se fazer senhora da situação não seria suficiente pra me conquistar - e não sei como - Clarice sabia disso.
Manipulado e manipulador se inverteram quase como a troca de mãos quando eu a puxei à força e encurralei entre meu corpo e a borda, nossas bocas se tocavam com tamanha vontade que talvez fosse possível continuarmos a beijar e respirar debaixo d'água.
Totalmente despido de qualquer responsabilidade eu tentava arrebatar o coloridinho do seu biquini, mas detido pelas forças opostas me reencontrei com a realidade.
- Lu.. cê já transou numa sauna?
- Já sim, umas mil vezes. (E eu continuava a beijar seu pescoço)
- Mentira! To falando sério.
- Não, não com você, não ainda.. (O biquini! Desamarre o biquini!) - Err.. Isso foi um convite?
- Não sei né, não disse nada.. Entenda como quiser, bobinho..
Tão rápido quanto eu pude imaginar Clarice escorregou, passou por baixo de mim e nadou até a outra ponta e saindo da piscina, hipnótica, gostosa, linda, tentadora, e diabólica, me olhando por cima dos ombros e sorriu aquele mesmo sorriso vadio caminhando na direção da área fechada das saunas e chuveiros, precisei correr para não perdê-la.
Mal conseguiu alcançar a fechadura, ela e se sentiu atraída pela força dos meus braços a puxando para junto de mim.
"Ela sempre gostou de me provocar, do seu jeito, sempre me usando.."
Aos trancos, barrancos, beijos e insanidades, entramos arrancando do corpo o pouco de roupa que nos restava e da alma o pouco de juízo e vergonha na cara que ainda tínhamos.
"Era tesão que envolvia o calor, calor envolvia os corpos, corpos envolviam um ao outro."
A deitei no primeiro degrau, e banhada pelo aroma de eucalipto ela abriu suas pernas me laçando, controlando meu quadril e se sentindo, invadida e dominada cada milímetro seu um a um, dos arranhões em minhas costas, e mordidas, eu puxava seu cabelo ouvia baixinho seus gemidos e xingamentos:
- Seu filho da .. safado! Você me elouquece..
Como deuses fizemos parar o tempo, multiplicando o tesão de seis meses de saudade por vinte minutos de uma louca e desenfreada irresponsabilidade.
Cleópatra e seu servo, Cezar e sua escrava, revezavam na gangorra de resignações e insubmissões, entre nossos orgasmos e carícias, confissões e delícias dediquei tudo que tinha à ela, tudo que Clarice merecia, me fazendo ser seu homem, seu Rei, seu lacaio, e Imperador.
- Meu gostoso, meu homem, você é só meu.
Eu não tinha palavras, tampouco defesas, mas..
Pra que defender?